Paratleta mariliense passa por transplante de coração e é exemplo de superação

9 de outubro de 2024

O paratleta Márcio do Nascimento, 48 anos, nasceu de novo. Ele passou por problemas cardíacos, foi atendido no Hospital Beneficente Unimar (HBU), onde ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e depois foi transferido para o hospital Albert Einstein. Ele conta que só está vivo, devido a iniciativa de um jovem, que doou o coração para o mariliense e outros órgãos para outras pessoas que precisavam.

O médico intensivista Piero Biteli ressalta que Nascimento recebeu os primeiros cuidados em Marília, até ser transferido para São Paulo. Ele ressalta, que é muito importante as pessoas terem a sensibilidade de se colocar na condição de doador de órgãos. “Além de doar órgãos como o coração, rim, fígado ou córneas, precisamos estar atentos também a outro tipo de doação, que é de sangue. Os hemocentros vivem em situação crítica, com estoques baixos e essa doação é fundamental para salvar vidas”, destacou.

Como tudo começou

“Foi tudo muito rápido, eu não esperava passar por esse tipo de situação. Comecei a sentir os sintomas em fevereiro, em maio já estava sendo atendido e fiquei três meses internado. Sou grato à família que permitiu a doação do coração para salvar minha vida. Essa importante atitude de solidariedade e amor ao próximo, fez com que eu tivesse uma nova oportunidade de viver”, relata.

Márcio destaca que sabe o quanto doi a perda de um ente querido, mas a família pode ter a certeza de que ele ajudou muitas pessoas, com os órgãos que foram doados. “É uma atitude corajosa, em um momento dificil. Eu tenho certeza de que a pessoa está em um bom lugar. E eu só posso dizer à família, muito obrigado por me dar a chance de uma nova vida”, comentou.

O paratleta conta que todo o atendimento foi extraordinário e que sempre manteve o bom humor, o otimismo e a fé em Deus. “Claro que fiquei apreensivo, preocupado com toda a situação, mas percebia no atendimento dos enfermeiros, do doutor Piero e demais funcionários do HBU, todo carinho e atenção. Me senti seguro e com a certeza de que tudo correria bem”, disse.

Ao ser transferido, recebeu a mesma atenção e cuidado no Albert Einstein, em São Paulo. “Quando fiquei internado, soube que o Silvio Santos também estava lá. Claro que em uma ala e setor totalmente diferente e até longe do meu. Porém, a estrutura disponível lá era igual a daqui e a atenção dos funcionários também. Sou muito grato a todos, dos dois hospitais, que me deram toda a atenção e orientação”, ressaltou.

Nascimento destacou que o desfecho de sua história, com a cirurgia, o transplante e todo desdobramento foi obra de Deus. “Eu fui informado pelos médicos de que seria um transplante de urgência, pois o meu coração já estava em condições difíceis. Ainda assim, iria para a fila, com prioridade, mas é assim que funciona o sistema brasileiro. E tudo foi maravilho, que o médico me informou em poucos dias que já havia um coração, nas condições médicas que eu precisava. Foi um sentimento de vitória”, relatou emocionado.

Doação de órgãos é importante

O médico intensivista Piero Biteli, que atendeu Márcio do Nascimento, destaca que a doação de órgãos é fundamental para salvar a vida de muitas pessoas. Ele conta que o processo de doação é rigoroso, exige uma série de requisitos para quem vai receber o órgão, mas é uma iniciativa de amor ao próximo, por parte de quem toma a iniciativa de ajudar tantas pessoas.

“Nós sabemos que é um momento difícil, para quem perde um ente querido. As pessoas conseguem deixar registrado em cartório a sua vontade de ser doador, mas esse tipo de medida é pouco usual no Brasil. Diante disso, cabe a família fazer a vontade do seu ente querido e quando isso acontece, destacamos que é um ato de amor”, declarou.

Segundo o médico do HBU, o caso de Márcio do Nascimento foi extraordinário, porque ele preencheu os requisitos de saúde e da rede de apoio. “O momento vivido pelo Márcio foi diferente, uma vez que a rede de apoio dele foi fundamental para garantir o transplante. A equipe do Albert Einstein leva isso muito a sério, pois um transplantado exige uma série de cuidados, para não ter nenhum problema pós-operatório”, ressaltou.

Sobre um eventual retorno do paratleta à prática da natação, por meio da Associação Mariliense de Esportes Inclusivos (Amei), Piero Biteli destacou que Márcio do Nascimento não poderá mais fazer esportes que exijam muito do corpo. “Ele pode fazer natação, práticas saudáveis de esportes, mas não pode mais competir em disputas de alto rendimento”, disse.